Há semanas que sinto isto, mas a Web Summit 2025 tornou tudo mais nítido. Estar em Lisboa durante o evento é sentir, quase fisicamente, que o futuro já começou e que Portugal está no centro dessa mudança. Não como figurante, mas como protagonista.
O tema que dominou tudo foi a Inteligência Artificial. Não apenas uma IA abstrata, mas muitas IAs, em muitas formas e usos. Na saúde, na mobilidade, na reabilitação, na forma como trabalhamos, vendemos, comunicamos, criamos, decidimos. Na política e até na forma como olhamos para a democracia. E por detrás de cada painel havia a mesma conclusão silenciosa. O mundo entrou numa nova fase e a Europa, com Portugal dentro dela, não pode perder este comboio.
Ao circular pelos pavilhões, vi uma mistura que me impressiona sempre. Fundadores de pequenas startups lado a lado com unicórnios instalados em Lisboa. Infraestruturas gigantes como os projetos de data centers em Sines a serem falados na mesma frase que hubs especializados da Fábrica de Unicórnios no Rossio. Plataformas globais a anunciar escritórios em Alcântara, enquanto Startup Portugal mostra números de um ecossistema que já soma milhares de empresas, empregos qualificados e exportações em crescimento.
Mas, mais do que os anúncios, o que me marcou foram as histórias e a energia. Um exoesqueleto que devolve a mobilidade a quem pensava que nunca mais iria andar. Agentes de IA que começam a apoiar empreendedores no plano de negócios, marketing, operação, quase como um conselheiro silencioso, sempre presente. Plataformas digitais a mostrar como um simples vídeo pode esgotar um pequeno negócio de bairro do outro lado do mundo.
Ao mesmo tempo, há uma conversa séria a acontecer sobre regulação, ética, confiança, dados e segurança. A Europa procura o ponto de equilíbrio entre proteger os cidadãos e não matar a inovação. Portugal posiciona-se como laboratório vivo desta nova fase. Um país pequeno que está a aprender a jogar em ligas grandes.
Saio desta Web Summit com uma sensação dupla. Por um lado, humildade, porque a velocidade da mudança é enorme. Por outro, um orgulho sereno. Estive lá. Vi, ouvi, tomei notas. E posso dizer, com convicção, que algo profundo está a acontecer em Portugal. Não é só tecnologia. É uma nova forma de imaginar quem podemos ser.
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