Portugal continua a afirmar-se como um dos ecossistemas mais vibrantes da Europa no domínio das startups e da inovação. A vitória da Infraspeak no prémio de Empreendedor do Ano da Fábrica de Unicórnios é mais do que o reconhecimento de uma empresa de sucesso. É um sinal de maturidade, de continuidade e de um legado que começou com João Vasconcelos, o ex-secretário de Estado da Indústria que impulsionou a nova geração de empreendedores portugueses.
O prémio João Vasconcelos, atribuído nos Entrepreneurship Awards 2025, consagra a visão e o percurso de Felipe Ávila da Costa, fundador da Infraspeak, uma startup que desenvolve software inteligente para gestão de manutenção e operações em edifícios e instalações. Desde a sua criação, a empresa já captou 36 milhões de euros em investimento e conta hoje com mais de 1.100 clientes espalhados por 40 países, com uma equipa de 225 colaboradores em seis mercados.
A distinção surge num momento em que a Infraspeak consolida o seu estatuto de referência internacional. A última ronda de investimento, de 18 milhões de euros, reforçou a presença global e permitiu acelerar a expansão da plataforma. O reconhecimento é também um símbolo de como o ecossistema português amadureceu: já não é apenas sobre criar startups, mas sobre fazê-las escalar e competir de igual para igual nos palcos internacionais.
Felipe Ávila da Costa sublinhou, no momento da entrega do prémio, que o sucesso de uma startup é indissociável do ambiente em que nasce. A Unicorn Factory Lisboa, tal como outras incubadoras e aceleradoras nacionais, tem desempenhado um papel crucial na criação de um espaço fértil para empreendedores, investidores e mentores. Essa rede, apoiada em talento e colaboração, é o que tem permitido a Portugal tornar-se um verdadeiro laboratório europeu de inovação.
O prémio traz ainda um simbolismo adicional: a oportunidade de apresentar o projeto no palco da Web Summit. É lá, diante de investidores, líderes tecnológicos e empreendedores de todo o mundo, que o trabalho feito em Portugal ganha nova visibilidade. O que há poucos anos parecia apenas um esforço de afirmação nacional, é hoje uma presença sólida num dos maiores palcos da tecnologia mundial.
Mas a Infraspeak não foi a única a brilhar. Outras startups e fundadores foram reconhecidos pelo impacto e pela visão. Isabel Carapeta, fundadora da Simplifyer, recebeu o Rising Female Award, destacando o papel essencial das mulheres na liderança tecnológica. O prémio International Personality foi entregue a Veronica Orvalho, da Didimo, uma das mais promissoras deeptech nacionais, já com 16 milhões de euros captados em investimento.
A Lampsy, por sua vez, foi distinguida como startup mais promissora, com a sua solução inovadora baseada em inteligência artificial que ajuda a monitorizar ataques epiléticos através de um candeeiro inteligente. A empresa já levantou 230 mil euros e prepara-se para expandir o produto para a Europa.
O prémio de impacto social foi para a Ubbu, que ensina programação e pensamento computacional a crianças do ensino básico. A startup já está presente em vários países e quer chegar a mais de 20 até ao próximo ano. Também a ROOTkey, premiada como startup universitária, representa o talento que nasce das universidades e se transforma em soluções de cibersegurança de alcance internacional.
Tudo isto confirma uma realidade incontornável: o ecossistema português deixou de ser uma promessa e tornou-se um caso de estudo. As startups estão a ganhar dimensão, os investidores começam a olhar com maior confiança e Lisboa, com eventos como a Web Summit e o Atlantic Convergence, posiciona-se como um centro de gravidade tecnológica entre a Europa, a África e as Américas.
A energia criativa que se sente nestes encontros é reflexo de um país que aprendeu a olhar para o futuro com ambição. João Vasconcelos acreditava que Portugal podia competir com os melhores, desde que criasse um ambiente onde o talento florescesse. Hoje, esse legado está vivo em cada prémio, em cada investimento, em cada startup que cresce e leva o nome do país mais longe.
O ecossistema português de inovação não é mais um sonho. É um movimento em marcha, com resultados, rostos e histórias reais. E se o passado recente nos ensinou algo, é que o futuro de Portugal será inevitavelmente tecnológico, colaborativo e global.
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